sábado, 12 de março de 2011

Os saqueadores da fortuna (parte1) XVII

A pirâmide da exploração
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) são as duas maiores fontes de empréstimos em moeda estrangeira  para aliviar a pobreza nos países mais pobres do mundo. Ao mesmo tempo, os países mais pobres do mundo devem mais dinheiro a estas duas que a outras instituições públicas ou privadas, juntas. Isto, deve-se ao facto de a maioria destes empréstimos ser mal estruturado, levando a que os países devedores não obtenham renda suficiente para pagá-los de volta. Isto acontece porque ajuda-se uma pequena parte da elite (privada) desse país devedor, sem nenhum benefício para os cofres do estado ou das pessoas.

O PAE (programa de ajuste estrutural), é mais um slogan cuja intenção é levar os países a tomarem certos procedimentos, (quase sempre de cariz sócio-económico) antes do dinheiro ser emprestado. É mais ou menos como ter um cão amestrado que salta quando o dono lhe diz ou rebola ao seu assobio.

Estes projectos beneficiam uma pequena elite do país em questão, ou se a obra for de grande envergadura, o dinheiro irá parar directamente a uma empresa multinacional do mundo ocidental, que vai lá e faz o serviço, grande parte das vezes mal e porcamente.
Noutros casos, os funcionários dos governos e empresas privadas desviam os fundos para contas bancárias privadas. Esta parte do esquema deixa as populações desses países com uma gigantesca dívida e impossível de pagar.

Este problema da dívida internacional tornou-se numa crise cíclica porque muitos países pobres pagam mais dinheiro ao Banco Mundial e ao FMI a cada ano, do que recebem em empréstimos. Os números do próprio Banco Mundial indicam que o FMI extraiu 1 bilião dólares de África em 1997 e 1998 mais do que emprestou para todo o continente.
Globalmente, os países pobres devem aos bancos privados que actuam através do Banco Mundial quase 2.5 triliões de dólares, isto em 1998.

O Banco Mundial e o FMI recusam-se a cancelar as dívidas em caso da economia de um país colapsar, isto, porque estas duas instituições introduziram nos seus estatutos a proibição para tal acto. Além disso, os governos têm um incentivo especial para terem em dia as suas dívidas multilaterais, uma vez que o FMI determina a solvência dos países, ou seja, até o FMI dar o seu selo de aprovação (o que normalmente exige o cumprimento das políticas económicas que recomenda), os países pobres no seu geral não podem obter crédito ou capital de outras fontes.

Esta dívida multilateral (dinheiro que é devido a instituições internacionais como o Banco Mundial e o FMI, bem como às suas instituições irmãs, como o Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Africano de Desenvolvimento e Banco Interamericano de Desenvolvimento) têm subido nos últimos anos para os países mais pobres . Para países de renda baixa (definidos pelo Banco Mundial como aqueles com per capita do Produto Nacional Bruto abaixo 785 dólares), a dívida multilateral aumentou cerca de 544% entre 1980 e 1997. 544%!!!! 

O Chade, país que fica no centro-norte de África, viu a sua dívida aumentar de 330 milhões em 1987, para 1000 milhões dólares, 10 anos depois. A dívida do Chade, em percentagem no PIB aumentou de 28% em 1987 para 55% em 1997.
what a deal...

Nos últimos anos, o Banco Mundial e o FMI concordaram em ajudar os países que estão a sofrer pesadamente com o endividamento, criando os Países Pobres Altamente Endividados (HIPC) em 1996. Mas, para se qualificar para HIPC, o país deve completar três anos no âmbito de um Programa de Ajuste estrutural. Mesmo após esse obstáculo, o país deve cumprir mais três anos ligado por outro PAE (programa Ajuste Estrutural) antes do alívio da dívida multilateral ser concedido. O paradoxo cruel é que o PAE obriga  a cortar os gastos em cuidados de saúde, subsídios de alimentação e educação.

No topo, lá bem no alto da pirâmide, o objectivo nunca é o dinheiro, esse abunda, são donos das melhores terras do mundo, são detentores dos bancos, companhias de diamantes e ouro. Usam-no é certo, como factor preferencial de modo a expandirem as suas ideias maltusianas, com politicas de zero crescimento. Disfarçam-se por entre os carimbos e leis (por eles criadas), que tornam o corpo visível à luz da sociedade.

Texto original


Assuntos relacionados...
http://profundaescuridao.blogspot.com/2010/10/por-quem-os-sinos-dobram-parte-2.html

Sem comentários:

Enviar um comentário